JUSTIÇA E HUMANIDADE
O tema Canabidiol (CBD) eu, pessoalmente, fui tomar
conhecimento há menos de 10 anos com o dr Alexandre Meireles, da Associação
Abracanabis, um pai de menino sintomático de epilepsia. Em busca de cura para o
filho ele e a mulher viraram ativistas da causa, do ponto de vista medicinal,
jurídico e, mais ainda, político. No afã cristalino de querer ajudar as vítimas
do País inteiro.
Maconha sim, como planta que se queima e se consome nos mais
diversos meios para os mais diversos fins. Nunca tive a menor curiosidade com
essa prática antes de saber que serviria também para aliviar a dor e o
sofrimento de pessoas com necessidades especiais.
Participei de algumas caminhadas temáticas com o Alexandre no
Rio de Janeiro, de palestras e ciclos de debates na sede da OAB estadual do Rio
de Janeiro e na sessão Barra da Tijuca, tendo a dra Leila Aguiar como
presidente da Comissão de Cidadania.
A terapeuta petropolitana e seu esposo Breno do Carmo Carvalho,
meus amigos de ações de tratamento de pessoas no Instituto Ganesha da Cidade Imperial,
hoje me comprometem mais profundamente com a pesquisa em prol desse tabu da
sociedade e dessa dor das pessoas portadoras de necessidades especiais. Nós
preferimos chamar de canabis e só canabis. Porém canabis ou maconha ainda é um
produto ilegal no Brasil. E num blogue só fica impossível tratar de tudo, então
a parte legal, claro, poderá ser melhor apresentada por alguém da área de
Direito. Mas claro que tudo que se faz fora da lei é passível de consequências cabíveis.
Pelo enorme respeito aos que necessitam da planta como
remédio, vou me abster até mesmo da discussão da guerra pela liberação do produto
perante a lei. Mas gritar bem alto que seja entregue às mãos dos enfermos e
seus atônitos familiares a possibilidade de consumir sem problemas sem
ocorrência policial e com aprovação da ANVISA, da Justiça e de todos os órgãos competentes,
óbvio que não sob controle sanitário, policial, do Conselho de Medicina.
A maconha, também
conhecida por marijuana, é obtida de uma planta com o nome científico Cannabis
sativa, que tem na sua composição diversas substâncias, entre elas o
tetraidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD), com efeitos psicoativos como
sensação de euforia, relaxamento e sensação de bem-estar, que é o que leva
utilização da maconha de forma recreativa.
Alguns estudos mostram que o uso da maconha pode proporcionar
diversos benefícios terapêuticos e, por isso, suas substâncias ativas,
principalmente o CBD, são utilizados na medicina para o tratamento de esclerose
múltipla, epilepsia, depressão ou dor crônica causada pela artrite ou
fibromialgia, por exemplo.
O consumo de maconha é proibido no Brasil, porém, em alguns
casos, o CBD, pode ser usado para fins terapêuticos, mediante autorização
específica.
Quais os benefícios da maconha
Nos últimos anos, estudos têm demonstrado diversas
propriedades terapêuticas das substâncias presentes na maconha, principalmente
o CBD, que apesar de ter estrutura semelhante ao THC, não provoca tanta euforia
e tem menos efeitos colaterais do que o THC. Por isso, o CBD tem sido adotado
como opção farmacológica em alguns países.
Embora não sejam ainda amplamente utilizados, os componentes
da maconha têm sido utilizados na medicina para diversos problemas de saúde
como:
Alívio da dor crônica causada pela artrite, fibromialgia ou
enxaqueca;
Diminuição da inflamação em doenças como síndrome do
intestino irritável, doença de Chron ou artrite reumatóide;
Alívio das náuseas e vômitos causados por quimioterapia;
Estimulante do apetite em pacientes com AIDS ou câncer;
Tratamento das convulsões em pessoas com epilepsia;
Tratamento da rigidez muscular e dor neuropática em pessoas
com esclerose múltipla;
Analgésico em doentes terminais com câncer;
Tratamento da obesidade;
Tratamento da ansiedade e depressão;
Diminuição da pressão intraocular, útil nos casos de
glaucoma;
Atividade antitumoral.
No Brasil, existe apenas um medicamento com CBD autorizado
para comercialização, vendido com receita médica, com o nome comercial Mevatyl,
que tem também outra substância adicionada, o THC, sendo indicado para o
tratamento de espasmos musculares em pessoas com esclerose múltipla. Veja todas
as indicações do CBD.
Além disso, também é possível importar outros medicamentos
com esta substância, com a devida autorização.
Assista o vídeo e confira os benefícios terapêuticos do
canabidiol, assim como seus efeitos colaterais:
Efeitos da maconha
As substâncias da maconha, CBD e THC, agem como
neurotransmissores ao se ligarem em estruturas nas células nervosas, chamadas
receptores canabinoides, provocando efeitos analgésicos, anti-inflamatórios ou
neuroprotetor.
Esses efeitos podem variar de pessoa para pessoa, e dependem
da quantidade de maconha utilizada e da pureza e da potência das substâncias
ativas. Quando é fumada, a maconha pode provocar efeitos em poucos minutos,
como euforia leve, com distorções do tempo, do espaço e do senso de organização
do próprio corpo, desorganização dos processos mentais, distúrbios de memória,
falta de atenção e, em alguns casos, a pessoa pode sentir-se mais valorizada e
com maior capacidade para socializar.
Além disso, simultaneamente aos efeitos que levam a pessoa a
usar a maconha, pode ainda surgir tontura, distúrbios de coordenação e de
movimento, sensação de peso nos braços e pernas, secura na boca e na garganta,
vermelhidão e irritação nos olhos, aumento da frequência cardíaca e aumento do
apetite.
Cuidados a ter com o uso
O consumo de maconha apresenta muitos riscos para a saúde,
sendo proibido no Brasil, porém, muitas pessoas continuam fumando esta planta.
Nestes casos, essas pessoas devem ter especial atenção ao seguinte:
Evitar misturar maconha com álcool ou outras drogas;
Procurar lugares calmos e evitar situações de conflito;
Evitar consumir a maconha quando é necessário estudar,
trabalhar ou tomar decisões importantes;
Evitar dirigir quando se consome maconha, procurando andar a
pé ou viajar de transportes públicos;
Se depois ou durante o consumo, a pessoa se sentir deprimida,
triste ou ansiosa, deve evitar consumir novamente, para não agravar a situação;
Ter cuidado com as pessoas com quem usar a droga, mas evitar
fazê-lo sozinho;
Além disso, se a pessoa se sentir mal durante o consumo de
maconha, deve procurar ajuda do médico o mais rápido possível.
Efeitos colaterais da maconha
Alguns dos efeitos colaterais imediatos e mais comuns
associados ao consumo da maconha são aumento da frequência cardíaca e da
pressão arterial e alterações no fluxo cerebral. Além disso, pessoas que usam
maconha regularmente por algum tempo, podem sofrer distúrbios de memória e
habilidade de processar informações complexas, distúrbios do sistema
respiratório, pela constante presença da fumaça nos pulmões, aumento do risco
de desenvolver câncer de pulmão.
É importante ainda referir que a maconha, se usada com
frequência, torna-se um fator de risco para o desenvolvimento de depressão
grave, transtornos psicóticos e deficiências cognitivas irreversíveis, e causa
tolerância e dependência psíquica.
Além disso, quanto mais cedo a pessoa inicia o uso da
maconha, mais malefícios tem para o corpo e, caso tenha havido exposição
intra-uterina, os malefícios ainda são maiores, pois atua no cérebro em
desenvolvimento do bebê. Veja todos os malefícios que a maconha tem para a
saúde a curto e a longo prazo.
Dados científicos coletados do portal
TUA SAÚDE - por Flávia Costa - Farmacêutica www.tuasaude.com
Bibliografia
National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine;
Health and Medicine Division; Board on Population Health and Public Health
Practice; Committee on the Health Effects of Marijuana: An Evidence Review and
Research Agenda. Chapter 4: The Therapeutic Effects of Cannabis and
Cannabinoids. In: The Health Effects of Cannabis and Cannabinoids: The Current
State of Evidence and Recommendations for Research. Washington (DC): National
Academies Press (US, 2017.
MOUSLECH, Zadalla; VALLA, Vasiliki. Endocannabinoid system: An overview of its potential in current medical practice. Neuro Endocrinol Lett. 30. 2; 153-79, 2009
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