ESTE NOME ENGRANDECE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM CAPIVARI
"A educação é o nosso passaporte para o futuro, pois o amanhã pertence às pessoas que se preparam hoje”. (Malcolm X)
À época, dizia o prof. Newton
Pimenta Neves: “O Padre Fabiano é um celeiro de grandes ideais, uma escola de cidadãos
capivarianos, paulistas e brasileiros uteis”. Ele mirava nos feitos grandiosos
de Tarsilla e Amadeu Amaral, Lollo Ferraciu, dr Almir Pazzianotto Pinto e dele
próprio, que tanto admirávamos. Talvez, por isso, o inspetor Benê representasse
no Colégio Padre Fabiano uma força moral imprescindível. Era o inspetor de
alunos dos sonhos dos pais, Delegacia de Ensino, Governo, Promotoria, Policia
Militar, comissariado de menores e da Guarda Municipal.
Ele achava alunos e alunas fumando
em lugares surreais, aprontando de costas para o recreio; coibia a “indecência”
dos namoros escondidos, dos olhares calientes, do bullyng, brigas e discussões.
Para não errar não confiava em ninguém, nunca. Estava sempre desconfiando, de
prontidão, aceso, de olho. Em compensação chorava com quem repetia de ano,
intercedia junto aos professores pelos ameaçados de segunda época. Comemorava
as vitórias do São Paulo, cantarolava no pátio canções do rádio, incentivava
quem demonstrasse algum talento que pudesse representar ideal de vida. “Benê é
um amigo que não abro mão”, disse-me uma vez o prof. Serra e com palavras
semelhantes o inspetor Messias Simão
Miguel.
Seu Benê exerceu por duas vezes o
cargo de inspetor de alunos no Padre Fabiano. No meio delas, como funcionário
publico estadual, por determinação de Jânio Quadros, por 14 anos foi inspetor
de menores em Santa Bárbara d´Oeste. Casou-se em primeiras núpcias com dona
Maria Helena Moratto Aggio, com quem teve os filhos Benedito e Maria Antônia,
residente no Texas, EUA. Mediante a viuvez, casou-se com dona Escolástica
Peresin Rodrigues de Jesus, que por anos alegrou a sua vida. Sua família tem
fortes ligações com a Santa Casa. Seu avô Francisco Aggio foi muito amigo do
padre Eusébio e juntos tocaram a Irmandade por 14 anos; sucedido por seu pai,
Pedro Aggio e por seu irmão José Aggio, na época também gerente do Itaú. Irmão
de 16, entre eles o Luiz Carlos da Farmácia e Maria do Carmo, por muito anos
cabelereira na Cidade. Sua mãe Rita
Raimundo de Góes era irmã do seu Bolivar Raimundo de Goes, tia do corintiano
Joel da Ford. Ele mesmo possui muitos títulos na parede, homenagens a que sua
família é acostumada, na Vila Fátima sua avó, parteira Ana Maria Raimundo de
Góes, é nome de rua como também, na Vila Balan, é o seu tio Luiz Raimundo de
Goes. Quando falou de seus falecidos, lacrimejou ao citar o amigo Sergio Roco.
Benê ajudava emocionalmente os
professores nas horas difíceis e era amigo de todo mundo. Para nós, esse inspetor
escolar caiu do céu. Sabendo que eu não tinha pai nem mãe ele era muito ríspido
comigo, mas eu era acostumado com orientador assim, seu Dionino Colaneri era
até pior, no bom sentido. Seu Benê olhava para além da escola, olhava para o
futuro que começava ali. Cuidava da segurança nas dependências e proximidades
da escola; inspecionava o comportamento dos alunos no ambiente escolar. Tinha
exercido por 14 anos a função de comissário de menores em Santa Barbara d´Oeste
nos tempos do Jânio Quadros, por isso conhecia os problemas da juventude. Ele orientava
aos berros sobre regras e procedimentos, regimento escolar, cumprimento de
horários; chamava mossas reclamações pessoais de “desculpas esfarrapadas”, analisava
os fatos e dizia: “o tempo passa, você precisa “virar gente” logo, estudar para
cuidar de si mesmo, seus pais não duram para sempre”. Ele recolhia as cadernetas
recomendando disciplina em sala de aula. No final, devolvia preenchidas por
dona Alcinda Proença e auxiliares e ai já insistia para que fossemos obedientes
em casa, fizéssemos a lição.
Na manhã do ultimo 16 fazia um
frio de lascar. Marquei de fazer o desjejum na casa do seu Benê. Ele mesmo
ficou de preparar tudo. Fui até lá meio achando que o encontraria debaixo das
cobertas, afinal 97 anos de vida ele vai completar dia 12 de setembro. Assim
que cheguei notei que ele estava olhando pela janela, de casaco italiano, prontinho,
de pé feito menino. Quase correndo abriu a porta e desceu a escada para também abrir
o portão da rua, naquela rapidez típica dele. A mesa estava bonita, deliciosa, tinha
de tudo, bolo, pão e um café que ele coou na hora.
Daria um livro, mas por hoje é só.
Foco, força e fé norteiam o nosso inspetor ilustre. São a garantia de sucesso para as coisas que a
gente planeja. Foco para nutrir a vontade, força para correr atrás, fé para
nunca desistir.
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