AO MEU FILHO DA MÁTRIA

Meu filho, capitei sua angústia.

Mas, olhe bem.

Há saídas, brechas, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais, mas não vivemos de bater palmas  para maluco dançar.

Vamos guardar essas palmas só quando esse maluco dançar.

Sejamos como o bambu flexível ao poder do vento e não enrijecidos como o carvalho indolente que que se espatifa toda vez que enfrenta a tempestade!

Um homem é só um homem.

Uma ideologia também, claro, é só uma ideologia.

Causas são eternas, a solidariedade com amor é eterna, o talento não varre o tempo, a arte não morre, a verdade não se entrega, propósitos são eternos, a política como arte do bem comum é eterna.

Você com esse brilho nos olhos é eterno.

O Universo se organiza. Nele a mudança é permanente. Basta só manter-se estratégico para quando os ventos estiverem mais favoráveis.

Há tempos em que o orvalho enobrece o nosso olhar e os ventos podemos fazê-los soprarem do nosso jeito.

Nesse tempo de  humilhação e aparentes derrotas em batalhas ensangüentadas pelo ódio irracional, erga a cabeça, coloque a sua filha no colo, olhe nos olhos vivos dela e deixe claro o quanto  de certeza você tem de que o mundo dela poderá ser bem melhor que o seu.

Tem muito boi passando onde não podia passar uma boiada. Tarde parece para avançar, cedo para retroceder.

No mais não se mate por pontos de vistas nem por circunstâncias. O que parece que vai ser as vezes nem vai.

A única coisa certa na história é a mudança. Isso pendengo nenhum pode segurar.